Essa semana, o Banco Central divulgou novos dados acerca do Balanço de Pagamentos do Brasil no mês de janeiro/2012.
O Déficit, no valor de U$ 7,1 bilhões, foi o maior de toda a série histórica desde 1947.
E mais uma vez, sem nenhuma surpresa, o item "despesas em viagens internacionais", foi alto, US$ 1,9 bilhões, 13% maior do que o número registrado em janeiro de 2011.
Isto é, o sacoleiro brasileiro continua fazendo a "festa" em Nova York e Miami. Veja abaixo a trajetória do "sacoleiro brasileiro". Desde 2005, ele não para de comprar lá fora; já em meados de 2007, ele havia superado o patamar alcançado no período 97-98.
Unidade: US$
Agora, comparemos com o gráfico abaixo;
O "primeiro recorde" do item " DESPESAS INTERNACIONAIS" é atingido em meados de 2008, justamente quando a paridade "dólar x real" atinge o patamar de R$ 1,50 , a mínima ds últimos 12 anos, se considerarmos o período de dólar flutuanteO "segundo recorde" do item "DESPESAS INTERNACIONAIS", de cerca de US 2,3 bilhões no mês, é também atingido praticamente no mesmo período de nova mínima da paridade "dólar x real", no igual patamar de R$ 1,50.
Não cabe aqui, é claro, discutir porque a classe média, "média-alta" brasileira, tem uma verdadeira obssessão em se esbaldar em compras pelos lados de Nova York e Miami, e chegar aos aeroportos brasileiros com dezenas e dezenas de malas carregadas de Armani, nikes, e roupas de grifes.
Muito menos, em discutir qual a diferença em ser sacoleiro na rua 25 de Março, em São Paulo, ou ser sacoleiro em Nova York.Cabe aqui destacar desequilíbrios e especular sobre os limites de tais desequilíbrios.Dentro desse contexto, não quero me ater aos desequilíbrios, e sim, estabelecer comparações pra que entendamos, à luz desse universo, uma possível dinâmica que pode nos indicar uma reversão de sinais.
Abaixo, temos um índice de "preços internacionais de commodities" construído pelo IPEA que, nada mais é, do que um índice que visa indicar o nivel de preço internacional de commodities, ponderado por um outro índice chamado IPA-BR, que representa um índice de preços por atacado.
A cesta na qual se baseou o IPEA é um resumo de uma cesta de commodities dada pelo FMI em dólar desde 1980; ou seja, com isso, o objetivo seria ajustar tal cesta ao "índice de preços" IPA-BR dado pelo próprio IPEA.
Destaca-se que, segundo consta no próprío boletim de Conjuntura do IPEA, a metodologia usada pelo IPA-BR é estabelecida a partir de metodologia construida pelo Departamente Econômico do Banco Bradesco.
Toda a metodologia, você encontra em Boletim de Conjuntura do IPEA disponibilizado em seu próprio site.
Vejam que em meados de 2004, o índice de preços rompe a barreira de 125 de 1997, e chega a bater 200 pontos ao final de 2006.De meados de 2007 a meados de 2008, portanto, em 1 ano, o índice "explode" 75% ao subir de 200 para o patamar de 350 pontos, seu ponto máximo nos úlitmos 3 anos e meio.
Ora, vamos comparar com o mercado acionário brasileiro ?
Vejam abaixo que o nosso índice BOVESPA tem um desempenho muito semelhante. Em 2004, o índice (não deflacionado aqui) já está acima de patamares de 1997 e, explode a partir de 2007, subindo de janeiro/2007 a meados de 2008, cerca de 65% (de 44.500 a 74 mil pontos)
Vamos inverter (apenas com o artifício de colocar de cabeça pra baixo) o gráfico da paridade "dólar x real" pra lermos gráfico na paridade "real x dólar".
O movimento é muito semelhante. A explosão começa a acontecer também no início de 2007 pra chegar ao ápice em julho /2008.
Os 3 gráficos, "INDICE DE COMMODITIES", "BOVESPA" e "REAL X DÓLAR" estão absolutmante na mesma sintonia.
Há que se destacar também que, após breves e fortíssimas quedas ao largo da turbulência enfrentada pelos mercados com a Quebra do Lehman, principalmente no período agosto/2008 - março/2009, os 3 índices retomam novas e rápidas altas, atingindo praticamente os mesmos topos anteriores e, também praticamente ao mesmo tempo.
Recoloquemos os 3 gráficos, agora, todos juntos:
É interessante também notar que é possível que tal correlação tenha se acentuado nos últimos 5 anos sim; já que foi nesse período que tivemos uma queda considerável na participação dos "produtos manufaturados" na nossa pauta de exportações, como vemos abaixo: ; saímos de cerca de 60% para 40% no total dos "manufaturados".
fonte: tradingeconomics
Tamanha correlação nos coloca desafios imensos pela frente.
Num cenário de queda dos preços das commodities no mercado internacional. o que fazer para amenizar eventuais quedas nos preços das ações e uma alta forte no preço do dólar ?
Por ora, apenas penso em 2 coisas:
1- O Ministro da Fazenda Guido Mantega está gastando tempo e "munição" em tentar conter a alta do real.
2- Os sacoleiros de Nova York não precisam parar de comprar, mas poderiam fazer um "hedge" comprando dólar.